A Luciana
Lisboa,
cidade do fulgente brancor dourado,
Benditos
sejam os teus ébrios mármores e azulejos baptizados de luz,
Assim
como as laranjas maduras que flutuam nos teus telhados
Bendito
seja o sol festivo, efusivo e inundante que desfila nas tuas veias
Bendito
seja esse teu oloroso e embevecente perfume
Que
usas desde o tempo em que eras capital de um império
Bendita
seja essa guitarra cantadeira de fados que trazes ao peito
Benditos
sejam esses amanheceres de oiro que dependurados no seu grasnar
As
gaivotas trazem do coração do mar
Benditos
sejam os jacarandás e as buganvílias que ornam tua gracilidade,
Assim
como as tuas rendilhadas calçadas, onde descalça adoras dançar
Lisboa,
cais de todas as saudades,
Benditas
sejam as tuas praças, largos, avenidas, ruas e ruelas,
Onde
com esse teu jeito de moçoila de formas fartas,
Grácil, solene e pavonesca passeias,
E
pelos passeantes te deixas cortejar, bajular e seduzir
Benditos
sejam os teus miradoiros,
Deleitosos
camarotes onde a tua nudez concedes contemplar
Bendito
seja o teu amante Tejo, eterno amante,
Amante fiel, amante amorável e sempre
disponível
Benditos
sejam os beijos constantes e apaixonados que trocais
E a volúpia inflamada com que vos abraçais
Lisboa,
sereia cujo canto e encanto encantou Ulisses,
Bendita
sejas porque namoras e fazes amor com todos aqueles que te amam e desejam
Bendita
sejas porque és o templo onde a luz vem cantar-se, festejar-se, sacralizar-se
Ó
Lisboa, ó manancial da claridade,
Bendita
sejas porque a inspiração dos poetas atiças vivamente
E
do coração ao pensamento lhes suscitas poemas.
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