Ontem, num acesso súbito de poesia,
trepei pelas laboriosas paredes do céu acima,
paráfrase de aves ambiciosas,
irrupção acrobática que os meus
versos jamais conseguirão narrar.
Chegado ao telhado, lá onde
a inefabilidade lavra os seus alicerces,
sorvi a luz de todas as estrelas.
Nem as cadentes escaparam.
A Lua, que presenciou
toda esta fremente e irrepetível paisagem,
ficou fascinada, pulou de delírio
e gritou repetidamente
retinintes vocábulos vistosos.
Depois, totalmente eufórica,
com a face iluminada,
veio ter comigo, cumprimentou-me,
elogiou-me e pediu-me um autógrafo.
As edições impressas e digitais
dos diários de hoje não falam de outra coisa.
Nasceu uma nova estrela, noticiam
em garridas, espantadas, graúdas
e mirabolantes manchetes todos eles.
dinismoura